40 anos do bicampeonato de Emerson Fittipaldi na F1

Adicionado a 26 de abril de 2021 por Valewson.

Matéria exibida no programa Esporte Espetacular na ocasião dos 40 anos do bicampeonato de Emerson Fittipaldi na Fórmula 1, em 2014, narrada pelo nosso Reginaldo Leme.

Esta é uma matéria exibida no programa Esporte Espetacular na ocasião dos 40 anos do bicampeonato de Emerson Fittipaldi na Fórmula 1, em 2014, narrada pelo nosso Reginaldo Leme.

O vídeo acaba mostrando muitos acontecimentos interessantes do meio dos anos 70 na categoria, mas com foco na carreira do nosso magnânimo Rato. Também mostra o reencontro de Emmo com o carro no qual ele venceu seu último Grande Prêmio de F1.

Em outubro de 1974, tínhamos a última rodada da temporada 1974 de Fórmula 1, no Grande Prêmio dos Estados Unidos. Emerson, correndo pela McLaren, então uma equipe de médio porte, largou em oitavo lugar, seguido do o suíço Clay Regazzoni (Ferrari) com a mesma quantidade de pontos do brasileiro (52), ou seja, ambos potenciais campeões. Fittipaldi termina a corrida, após 59 voltas, em quarto lugar, contra um 11º de Regazzoni. O resultado foi a conquista da temporada pelo piloto da equipe inglesa por apenas 3 pontos de diferença.

Naquela temporada, Fittipaldi competia contra grandes nomes da F1, futuros campeões mundiais. O austríaco Niki Lauda (campeão em 1975, 1977 e 1984), o inglês James Hunt (1976) e o sul-africano Jody Scheckter (1979). Isso não foi um problema para Fittipaldi, já destaque da categoria na época.

“Isso deu experiência a ele, mas o Fittipaldi já era muito maduro desde a adolescência. Antes da Fórmula 1, ele competiu na Fórmula Ford e na Fórmula 3, então já tinha experiência. Por isso, quando foi pra F1 já era estabelecido, tinha talento, aplicação, determinação e uma grande qualidade que era a sociabilidade. Fittipaldi era muito diplomático, muito controlado. Ele conseguia manter a amizade e a boa relação mesmo com os adversários. Uma das artes dele era fazer amigos”, recorda Lito Cavalcanti, correspondente da revista inglesa Autosport e comentarista de automobilismo da SporTV.

Era sua quarta temporada como piloto profissional da categoria e Fittipaldi optou por deixar a Lotus, a equipe então considerada a melhor da época, pela McLaren. O trabalho de Alaister Caldwell, chefe da equipe (e a própria), as instalações e a qualidade do carro, o McLaren M23, chamaram a atenção de Emerson.

Segundo Paulo Gomes, tetracampeão de Stock Car e Diretor de Marketing da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), essa vitória consagrou o nome do Brasil na Fórmula 1, mostrando que pilotos brasileiros tinham chance na categoria e valorizando o automobilismo e em um país que vivia apenas do futebol.

“Era um ano de afirmação para o Emerson. Ele vinha descontente na Lotus. Foi quando recebeu a proposta da McLaren e decidiu trocar de equipe. Ele e o Alaister faziam juntos a melhor dupla do paddock. Foi o ano para lavar a alma. Emerson mostrou que podia ser o melhor e confirmou o talento que possuía”, lembra Lito.

“Para o Brasil, este título é um marco muito importante. Ele foi o grande pioneiro do nosso país, deu exemplo para vários outros esportistas que acabaram tendo sucesso. Ter o sobrenome Fittipaldi era motivo para eu ser muito exigido nas pistas, mas ao mesmo tempo me abriu muitas portas no esporte”, comenta o ex-piloto da Indy e da F1 Christian Fittipaldi, s0brinho de Emerson e atual competidor da United SportsCar, maior campeonato de endurance dos Estados Unidos.

Seu neto, Pietro Fittipaldi, jovem piloto de 18 anos recém-campeão da Fórmula Renault, também reconhece o valor de Emerson, que se inspira no bicampeão para chegar à tão sonhada Fórmula 1: “Meu avô sempre me ajuda muito, mesmo não estando presente em todas as minhas disputas, já que fica difícil pra ele vir em todas. Mas toda vez depois de um treino, ele sempre me liga pra saber como eu fui, sempre me dá dicas. Ele está sempre me ajudando. É uma honra correr e usar o nome Fittipaldi.”

Primeiro brasileiro a correr na Fórmula 1, Emerson Fittipaldi é considerado pioneiro do esporte. Em 1972, ele conquistava o seu primeiro campeonato pela Lotus, vencendo cinco das 12 corridas, subindo ao pódio oito vezes e alcançando 61 pontos. Na época, Emmo foi o mais jovem campeão da F1, som apenas 25 anos de idade, feito que só foi superado em 2005 por Fernando Alonso, quando o espanhol venceu a temporada com 24 anos.

Disputando 149 Grandes Prêmios, vencendo 14 deles e conquistando seis pole positions. Fittipaldi tem este grande mérito de abrir espaço no esporte e, principalmente, na categoria para outros pilotos brasileiros de destaque. Nelson Piquet (tricampeão em 1981, 1983 e 1987), Ayrton Senna (1988, 1990 e 1991), além de Rubens Barrichello e Felipe Massa são os maiores exemplos.

Copersucar, a equipe brasileira de Fórmula 1

Após perder o campeonato de 1975 para Niki Lauda, Emerson decidiu se juntar a seu irmão Wilson Fittipaldi (o pai de Christian), na equipe Copersucar-Fittipaldi. Esta seria primeira (e única) escuderia brasileira a competir na Fórmula 1. Emerson guiou o carro de 75 a 80, mas não obteve o mesmo sucesso das outras temporadas, conseguindo apenas dois pódios, segundo lugar no GP do Brasil de 1978 e terceiro colocado no GP dos EUA West de 1980. Como os resultados não foram bons, não obteve apoio no Brasil, o que obrigou os Fittipaldi a fecharem as portas da escuderia.

“O brasileiro é imediatista em tudo e no esporte não é diferente. Os irmãos Fittipaldi não tinham o apoio do Brasil e é muito difícil uma equipe dar certo no início, sem investimento financeiro e patrocínio. E infelizmente o projeto acabou. Talvez se a equipe tivesse continuado, outros brasileiros teriam feito sucesso na Fórmula 1”, comenta Paulo Gomes.

Por outro lado, isso mostra também a precariedade do esporte no Brasil de hoje em dia. Na época, em pouco tempo, um brasileiro não apenas conseguiu um bicampeonato, abrindo espaço para pilotos do Brasil no esporte e na categoria, mas chegou a montar uma equipe com o irmão. Atualmente, em contraste, depois de 8 campeonatos brasileiros de F1, as portas pros brasileiros estão quase fechadas (se Massa não tivesse retornado pra 2017, não teríamos nenhum BR na temporada 2017). O que dirá uma equipe nacional participando da categoria. É algo inconcebível nos dias de hoje.

Emerson na Fórmula Indy

Após sair da Fórmula 1, Emerson foi correr na Indy, estreando em 1984. Não demorou até tornar-se o primeiro brasileiro campeão da categoria, em 1989. Após cinco vitórias, incluindo a mais tradicional prova do mundo, Indy 500, o Rato era pioneiro no esporte novamente.

A sua última vitória na categoria foi em Nazareth, em 1995. “O oval de Nazareth é muito técnico. Tem uma curva em descida no fim da reta, onde você reduz marcha, quase como uma curva de circuito misto, depois tem uma quebra no fim do boxe e uma curva muito longa entrando na reta principal. É quase um tri oval, com curvas com características uma diferente da outra. Era muito difícil para acertar o carro e guiar. Mas eu sempre me dei muito bem lá”, comenta Fittipaldi sobre a, atualmente abandonada, pista.

Emerson se aposentou no ano seguinte, após sofrer um grave acidente na etapa de Michigan, em julho de 1996. Entretanto, o brasileiro ainda participou da GP Masters em 2006 (categoria para ex-pilotos de F-1) e disputou, esporadicamente, algumas provas da GT3 Brasil em 2008 e 2009. Ele fez também uma surpreendente aparição na etapa brasileira do Mundial de Endurance de 2015.

Sobre a possibilidade da volta, Emerson disse na ocasião: “Quem sabe, né? Espero que tenha mais coisas para frente em outras categorias. Eu sempre falo que enquanto eu puder guiar um carro de corrida eu estarei pilotando.”

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