A história de Jim Clark: velocidade natural

Reginaldo Leme traz a história de Jim Clark, um piloto britânico que, com sua velocidade natural, foi um dos grandes nomes da Fórmula 1 — com títulos em 1963 e 1965 e uma carreira marcada por domínio técnico, ousadia e um talento quase instintivo.

Adicionado a 10 de dezembro de 2025 Valewson Vídeos, Automobilismo Descrição completa

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No 8º episódio de sua série Lendas do Automobilismo, o qual foi publicado originalmente em seu canal a 15 de julho de 2022, Reginaldo Leme traz a história de Jim Clark, um piloto britânico que, com sua velocidade natural, foi um dos grandes nomes da Fórmula 1 nos anos 60 — com títulos em 1963 e 1965 e uma carreira marcada por domínio técnico, ousadia e um talento quase instintivo.

Entre curiosidades, vitórias improváveis, derrotas traumáticas, conquistas e demais informações sobre este grande vencedor — apresentado aqui como um fenômeno que moldou uma era — o mestre Regi nos conta que, por um período, Jim foi o recordista de vitórias na categoria e, certamente, deixou sua marca, mesmo com sua morte precoce em trágico acidente nas pistas, aos 32 anos.

A origem simples e o despertar para a velocidade

Filho de fazendeiros escoceses e caçula de cinco crianças, Jim Clark cresceu em um ambiente tranquilo, completamente distante do glamour das corridas, e sua paixão por velocidade surgiria apenas quando, já estudante em centros urbanos, começou a disputar ralis e subidas de montanha com seu próprio carro. Desde o início, era visto como alguém agressivo, destemido e naturalmente rápido — mas ainda sem ambições profissionais claras.

Essa fase amadora muda drasticamente no Boxing Day de 1958, em uma corrida de 10 voltas em Brands Hatch, quando Clark chega em segundo pilotando um Lotus Elite de rua, logo atrás de Colin Chapman, fundador da Lotus e figura central da engenharia automobilística. Chapman reconhece o talento bruto que tinha diante de si e o convida para correr na Fórmula Júnior, então pensada como a nova base formadora da Fórmula 1. Ali nascia a parceria que mudaria a categoria — e começava a lenda chamada Jim Clark.

A rápida ascensão até a Fórmula 1

Em 1960, Clark já é campeão da Fórmula Júnior e recebe de Chapman a chance de estrear na Fórmula 1, estreando GP é na Holanda, embora tenha abandonado por problemas de transmissão. Os primeiros pontos vêm na Bélgica, seguidos do primeiro pódio em Portugal. Em paralelo, participa das 24 Horas de Le Mans com um Aston Martin, terminando em terceiro.

Em 1962, Clark chega muito perto do título mundial. Liderava a prova decisiva na África do Sul quando um vazamento de óleo o forçou ao abandono a 20 voltas do fim, frustração que seria compensada no ano seguinte.

1963: um domínio absoluto e estatísticas quase irrepetíveis

A temporada de 1963 marca a consagração de Clark e o primeiro título mundial da Lotus quando ele vence sete das dez corridas do campeonato — um índice de 70% de vitórias que permanece um dos maiores da história. O desempenho inclui atos impressionantes, como o GP da Bélgica, onde larga em oitavo, assume a liderança e abre uma volta sobre quase todo o grid, exceto Bruce McLaren, ainda assim quase cinco minutos atrás.

Também se destaca nas 500 Milhas de Indianápolis, chegando em segundo após uma controvérsia envolvendo vazamento de óleo no carro do vencedor Parnelli Jones. A decisão da direção de prova favoreceu o piloto americano, e o resultado deixou a Lotus profundamente insatisfeita.

A busca pela glória em Indianápolis e o segundo título

Em 1964, a Lotus tenta novamente vencer em Indianápolis, mas um composto de pneus experimental falha, e Clark abandona a corrida e também perde o título mundial na Fórmula 1, após uma quebra no México quando estava perto da vitória.

Tudo se resolve em 1965, quando Clark conquista seu segundo mundial com atuações marcantes — entre elas, um GP da Inglaterra em que corre com vazamento de óleo e adota a tática improvável de desligar o motor nas curvas para evitar a quebra. Era um tempo em que quase tudo era permitido, desde que o regulamento básico fosse respeitado.

No mesmo ano, abre mão de correr em Mônaco para disputar novamente as 500 Milhas — e finalmente vence depois de liderar 190 das 200 voltas. Nesta, ele torna-se torna não apenas o primeiro não americano a vencer após quase 50 anos como, até hoje, o único piloto a conquistar o Mundial de Fórmula 1 e a Indy 500 no mesmo ano.

Dificuldades mecânicas, genialidade intacta

Com a chegada dos motores de 3 litros em 1966, a Lotus se perde em experimentos, como o complexo BRM de 16 cilindros. Ainda assim, Clark arranca uma vitória nos EUA. Em 1967, com o novo Lotus 49 e o motor Ford V8, volta ao protagonismo: vence quatro provas e mostra desempenhos extraordinários mesmo quando não ganha, como no GP da Itália, onde perde uma volta por um furo de pneu, recupera tudo, assume a liderança e só fica sem a vitória por falta de combustível na última volta.

A temporada de 1968 começaria com vitória na África do Sul, a qual seria sua última…

A tragédia em Hockenheim e o impacto imediato

Entre uma corrida e outra da Fórmula 1, os pilotos disputavam provas extras para manter ritmo e garantir prêmios em dinheiro. Clark escolhe uma corrida de Fórmula 2 em Hockenheim, atendendo a um pedido da Firestone, porém, na quinta volta da primeira bateria, perde o controle na parte da pista cercada pela Floresta Negra e bate. A causa mais aceita é a explosão de um pneu traseiro.

Morre pouco depois, aos 32 anos, o que teve um devastador na Fórmula 1: desde Fangio, nenhum outro piloto representara tanto para a categoria.

Números impressionantes e um legado indiscutível

Os dados apresentados por Reginaldo Leme reforçam a dimensão de Clark:

  • 72 GPs
  • 33 poles
  • 25 vitórias
  • 32 voltas mais rápidas
  • apenas um segundo lugar na carreira
  • dois títulos mundiais (1963 e 1965)

Se consideradas apenas as corridas que terminou, Clark venceu metade delas — sem contar 18 provas não oficiais da F1 e conquistas em outras categorias, como a Tasman Series e o British Saloon Car Championship. Além disto, em apenas um fim de semana histórico em Silverstone, chegou a disputar cinco corridas diferentes e venceu todas elas.

Velocidade que tornou-se mito

A história de Jim Clark, tal como reconstruída por Reginaldo Leme, mostra um piloto cuja velocidade parecia inerente, quase uma extensão física do próprio carro. Sua carreira foi curta, mas tão intensa e dominante que permanece como referência absoluta seis décadas depois.

Clark foi uma combinação rara de precisão, coragem e adaptação — um piloto capaz de vencer em qualquer carro e em qualquer lugar. Sua ausência prematura cristalizou o mito, mas sua trajetória, por si só, já bastava para torná-lo eterno no automobilismo.


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