Análise do filme Black Cadillac (2003)

Agradável surpresa cinematográfica sobre quatro rodas, com Randy Quaid e tensão do início ao fim.

Adicionado a 9 de agosto de 2025, por Facínora. | Acesse à descrição completa

Neste artigo, trago a minha análise sem spoilers de Black Cadillac (Cadillac Preto), um filme de suspense e terror americano de 2003 que centra em três jovens que são implacavelmente perseguidos por um carro misterioso através de uma rodovia sombria após darem carona a um peculiar sujeito que apresentou-se como policial.

O longa é vagamente inspirado em uma experiência real do diretor John Murlowski, na qual, nos anos 80, ele e alguns amigos foram perseguidos por várias horas por um carro desconhecido em estradas rurais e pouco movimentadas — uma situação que claramente alimentou a atmosfera incrivelmente tensa do filme.

Além da direção de Murlowski, que também escreveu o filme em parceria com Will Aldis, Black Cadillac conta com um elenco onde destacam-se Shane Johnson, Josh Hammond, Jason Dohring e o veterano Randy Quaid, o inesquecível Primo Eddie do Férias Frustradas. Estes e outros atores conduzem a trama cheia de suspense e mistério que vou analisar na sequência.

Análise

Não sou neurótico com spoilers. Sou de uma época onde a gente assistia Jaspion sabendo tudo o que ia acontecer e lia a revista Herói para conhecer o destino dos Cavaleiros do Zodíaco de antemão, mas existem situações onde você tem que ir liso, como é o caso de obras como O Sexto Sentido e Black Cadillac. Digo isso porque a tensão deste filme só funciona em seu pleno potencial de thriller se o mistério por trás da perseguição não for resolvido naturalmente, e isto acontece apenas no seu clímax. Isto é com certeza o maior destaque do longa pra mim: embora o seu enredo feche de forma satisfatoriamente redonda, as ambiguidades a respeito do que está acontecendo, inclusive sobre a sua natureza — somados ao estilo de filmagem e à atmosfera genuinamente tenebrosa —, aumentam exponencialmente o suspense, dando aquela sensação de estar diante do mais puro desconhecido, quase lovecraftiana. Pra se ter uma ideia, dá pra traçar paralelos com Dead End, também de 2003, filme que tem, além da presença do grande Ray Wise, um cenário bem similar. Mas o que acontece em um é o mesmo que acontece no outro? Não vou contar.

Gostei da estética também, tanto em termos de cenário — tenebroso, mas nada aquelas porcarias abstratas onde ninguém entende nada — quanto de temática. Parece um rescaldo do final da década anterior ao seu lançamento: a obra mantém ainda uma narrativa mais “pé no chão”, sem cair nos exageros nostálgicos da década de 80, mas também sem aquele apelo ao “extremo” ou aos elementos do terror teen rebelde consagrado pelos meados dos anos 1990. Tipo, há alguns sinais sutis aqui e acolá, mas são mais para caracterizar contextos e personagens.

Entretanto, Black Cadillac também tem prefigurações do péssimo, ridículo, grotesco e estapafúrdio costume que iria empestear muito da cultura pop mais ou menos de 2005 em diante: a narrativa apresenta um foco injustificável a assuntos prosaicos diante da situação crítica onde os personagens estão, onde qualquer mínimo erro pode ser fatal. A sorte aqui é que isto ainda colabora para a tensão, pois a impressão de que algum dos protagonistas pode resolver dar um chilique por algum motivo besta e complicar ainda mais as coisas acaba promovendo uma aura de inquietação. Dito isto, certas coisas que os caras debatem durante a perseguição poderiam muito bem ser deixadas para depois, sem prejuízos às partes. Há também algumas escolhas exageradas, pra não dizer duvidosas, que os personagens tomam, mas dá pra relevar.

O destaque no elenco vai com certeza para Randy Quaid, interpretando seu papel com a competência que este pedia, vendendo bem o peixe. Não tem nenhum trejeito de trapalhões como o próprio Eddie, o Russell do Independence Day e muito menos o Mr. Briggs, de Not Another Teen Movie, mostrando a versatilidade de Primo Eddie, digo Randy. O resto do elenco principal é decente. Só tem um personagem enjoado lá, mas não sei dizer se foi por causa do ator ou uma escolha deliberada do diretor.

Mas acho que é isso. Parece uma produção modesta que entrega o que promete, não se prende muito a clichês, com um enredo e cenários que promovem tensão praticamente do início ao fim. Não vou dizer que Black Cadillac é um longa-metragem que tenho que recomendar efusivamente a todo mundo, mas pra quem busca algum thriller de suspense que se passa em rodovias americanas sinistras, pode ser interessante. Pra mim, com certeza, foi uma agradável surpresa.

Trailer

Sinopse

Três jovens em uma viagem pelo interior gelado do Wisconsin buscam apenas uma noite de diversão — até que um Cadillac preto dos anos 50 começa a persegui-los de forma implacável pelas estradas desertas. Quando socorrem um misterioso desconhecido, que estava com problemas com o carro e disse ser um policial de folga, o trio se vê envolvido em uma corrida desesperada contra o tempo, onde nada parece ser o que parece. Entre sombras, mensagens enigmáticas e perigos que surgem a cada curva, terão que lutar para sobreviver…antes que o Cadillac os alcance.

Ficha técnica

  • Título original: Black Cadillac
  • Título no Brasil: Cadillac Preto
  • Ano de lançamento: 2003
  • Duração: 88 minutos
  • Gênero: suspense e terror
  • Dirigido por: John Murlowski
  • Escrito por: John Murlowski, Will Aldis
  • Produzido por: Kenneth Burke
  • Elenco principal: Randy Quaid, Shane Johnson, Josh Hammond, Jason Dohring, Kiersten Warren-Acevedo
  • Direção de fotografia: Douglas Smith
  • Montagem: John Gilbert
  • País: Estados Unidos
  • Idioma: inglês
  • Distribuição: First Look International, MTI Home Video, Artist View Entertainment

Bom, tá entregue.

Agora, é com você. Já assistiu Black Cadillac ou gosta desse tipo de suspense de estrada? Compartilhe suas impressões nos comentários e, se ainda não viu, coloque na sua lista e depois volte aqui para contar o que achou. Não se esqueça também de compartilhar a resenha a quem você gostaria de recomendar o filme, lembrando que é sem spoilers, então não tem problema, beleza?

Abraços!

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