A história de Nelson Piquet: gênio indomável

Reginaldo Leme traz a história de um dos maiores campeões da Fórmula 1, Nelson Piquet, relembrando a trajetória deste gênio indomável e de raras qualidades que fez parte da era mais vencedora do automobilismo nacional.

Adicionado a 19 de dezembro de 2025 Valewson Vídeos, Automobilismo Descrição completa

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No quinto episódio da sua série Lendas do Automobilismo, publicado originalmente a 29 de abril de 2022 em seu canal Automotor, Reginaldo Leme traz a história de um dos maiores campeões da Fórmula 1, Nelson Piquet, relembrando a trajetória deste gênio indomável, que fez parte da era mais vencedora do esporte a motor nacional, com os três títulos na década de 80: 1981, 1983 e 1987.

Mais do que listar resultados amplamente conhecidos, Leme se concentra retratar episódios emblemáticos e definidores, além de revelar traços de personalidade de um piloto que jamais se encaixou em modelos prontos e dotado de virtudes raras.

A força do relato vem do fato de que Reginaldo Leme acompanhou Piquet de perto, viu, ouviu e viveu muitos dos episódios narrados, o que resulta num retrato que ajuda a entender por que o brasileiro foi, ao mesmo tempo, um campeão improvável, um estrategista brilhante e uma figura frequentemente mal compreendida.

A ousadia de abandonar o caminho previsível

A história de Nelson Piquet não começa com um plano bem traçado rumo à Fórmula 1. Pelo contrário, o brasileiro largou tudo, inclusive uma promissora carreira no tênis — onde chegou a ser primeira classe nos Estados Unidos — para correr de automóvel simplesmente porque era isso que lhe dava prazer.

Esse ponto já o diferencia de muitos pilotos moldados desde cedo para o automobilismo. Piquet não seguiu uma cartilha, não foi produto de um projeto familiar ou empresarial, mas assumiu riscos reais, tomou decisões erradas e acertadas, e avançou impulsionado quase exclusivamente pelo talento e pela paixão por correr.

Perdas pessoais e persistência nas pistas

Nem todos sabem, mas Nelson Piquet perdeu o pai muito cedo, em 1974, quando tinha apenas 22 anos e disputava sua primeira temporada na Fórmula Super-Vê, e a notícia chegou em um sábado de corrida, em Interlagos, e ele sequer largou naquela prova.

Foi um golpe pessoal profundo, que não o afastou das pistas, pois dois anos depois, em 1976, ele se tornaria campeão da Super-Vê e daria o passo decisivo rumo à carreira internacional, mostrando uma capacidade rara de separar dor pessoal e desempenho esportivo.

Sobrevivência, sacrifício e a virada na Fórmula 3

A ida para a Europa não foi confortável. Com patrocínios viabilizados por amigos, como Eduardo Silva Prado, Piquet começou na Fórmula 3 enfrentando limitações financeiras severas, e uma decisão equivocada quase arruinou tudo: a compra de um chassi pouco competitivo.

Para corrigir o erro, ele tomou uma medida extrema: alugou a própria casa na Inglaterra e passou a viver em um trailer para juntar dinheiro e trocar o equipamento. Quando passou a correr com um chassi dominante, os resultados mudaram radicalmente: vieram vitórias, o título de 1978 e, com ele, o olhar atento de nomes decisivos da Fórmula 1.

O casamento perfeito entre talento e engenharia

A entrada de Nelson Piquet na Brabham colocou lado a lado três figuras fundamentais: Bernie Ecclestone, Gordon Murray e o próprio Piquet, uma combinação que foi pura dinamite. Murray, um projetista criativo e inquieto, encontrou em Piquet um piloto com mentalidade aberta à inovação e leitura estratégica rara.

Juntos, ajudaram a mudar a forma como as corridas eram encaradas, com destaque para o uso inteligente dos pit stops e soluções técnicas que desafiaram o senso comum da época. O ambiente da equipe era informal, ousado e, de certo modo, libertário — um contraste com a rigidez tradicional da Fórmula 1.

1983: vencer sem ter o melhor carro

O título de 1983 talvez seja o maior símbolo do gênio de Piquet, pois a Renault tinha o melhor conjunto e parecia caminhar para o campeonato, até que uma inovação decisiva da BMW — um novo turbo introduzido a poucas corridas do fim — mudou completamente o cenário.

A virada foi tão contundente que deixou marcas profundas nos adversários, com uma derrota difícil de engolir e que mostrou como Piquet sabia aproveitar cada brecha técnica e estratégica disponível, transformando desvantagem em oportunidade.

Política interna, acidentes e resistência

Na Williams, Piquet viveu outro tipo de batalha: a política interna, envolvendo acordos verbais, mudanças de poder e favorecimentos tornaram o ambiente mais hostil. Em 1987, um gravíssimo acidente em Ímola comprometeu sua visão e sua noção de distância nas freadas — algo que ele escondeu para não ser impedido de correr.

Mesmo assim, mesmo com sequelas físicas e sem ser o piloto priorizado pela equipe, Nelson Piquet conquistou seu terceiro título mundial, feito que revela não apenas talento bruto, mas uma capacidade mental extraordinária de adaptação e resistência.

A confiança rara com Reginaldo Leme

Apesar da fama de avesso à imprensa, Piquet construiu com Reginaldo Leme uma relação de confiança rara, relação que possibilitou reportagens exclusivas, como a cobertura de sua recuperação após o acidente em Indianápolis, em 1992, e mais tarde o furo sobre o escândalo do Crashgate em Singapura, em 2008.

Esse aspecto humano revela um Piquet seletivo, desconfiado, mas correto com quem conquistava sua confiança — longe da caricatura simplista frequentemente associada a ele.

Um campeão que não queria ser lembrado

Talvez o traço mais paradoxal de Nelson Piquet seja sua recusa à própria mitificação. Segundo o próprio piloto, ele nunca quis ser lembrado como lenda, mas preferia ser esquecido e viver uma vida normal, longe dos holofotes.

É justamente aí que reside a ironia: quanto mais ele tentou se afastar do pedestal, mais sua história se consolidou como uma das mais singulares da Fórmula 1: um campeão que venceu sem seguir manuais, que desafiou convenções e que deixou marcas profundas no esporte — goste-se dele ou não.

Nelson Piquet permanece como aquilo que sempre foi: um gênio indomável, impossível de domesticar, impossível de apagar da história do automobilismo.


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