Gêneros diferentes e obscuros dentro da ficção cientifica
Vídeo do Semydeus sobre alguns gêneros bem diferentes e obscuros dentro da ficção cientifica, que revelam não apenas a evolução tecnológica imaginada, mas também os sonhos, medos e identidades de cada época e cultura.
Adicionado a 11 de novembro de 2025 Valewson Vídeos Descrição completaDescrição completa
Neste vídeo publicado originalmente no canal Semydeus, o que se deu em 10 de junho de 2023, temos uma viagem interessante e potencialmente nostálgica através de alguns gêneros bem diferentes e obscuros dentro da ficção cientifica — um tipo de ficção especulativa que imagina progressos científicos ou tecnológicos avançados e futuristas.
É interessante notar que alguns estudiosos afirmam que a ficção científica teve suas origens já na Antiguidade, quando a distinção entre mito e fato ainda era tênue. Isso por si só revela o quanto o gênero é amplo, ramificando-se em diversas subdivisões com características próprias, algumas delas pouco conhecidas, mas fascinantes. É sobre essas vertentes mais raras que o vídeo se debruça, apresentando exemplos, curiosidades e estéticas que podem até inspirar o processo criativo do espectador.
Cyberpunk e sua influência duradoura
Entre os subgêneros que levam o sufixo punk, o cyberpunk é o mais famoso e um de nossos preferidos. O termo surgiu no início dos anos 1980 para descrever histórias ambientadas em sociedades futuristas tecnologicamente avançadas, mas moralmente decadentes. A expressão high tech, low life resume bem esse contraste: megacorporações dominam metrópoles neonizadas enquanto a maior parte da população vive em miséria.
O subgênero combina tecnologia, distopia e crítica social, com clássicos como Blade Runner, Akira, Ghost in the Shell e, mais recentemente, o jogo Cyberpunk 2077 explorando exatamente esse ambiente. Segundo o vídeo, há ainda uma vertente pouco comentada — o cyberpunk japonês dos anos 1980 e 1990, marcado por filmes experimentais que levaram o gênero a novas fronteiras estéticas e conceituais. Estes são esquisitaços mesmo, pelo menos de modo geral. São aquelas coisas brisadas com interpretações subjetivas que aqueles caras muito pretensiosos e metidos a intelectuais adoram.
Do pós-cyberpunk ao solarpunk: futuros mais otimistas
O pós-cyberpunk surge como uma reação ao pessimismo do gênero que o precede, embora compartilhe da mesma estética tecnológica. Apresenta visões mais equilibradas — sociedades em que a tecnologia não necessariamente oprime, mas pode melhorar a vida humana. Obras de autores como Bruce Sterling (Islands in the Net, 1988) e Neal Stephenson (The Diamond Age, 1995) são exemplos literários fundamentais.
Mais adiante, o solarpunk leva o otimismo ainda mais longe, imaginando um futuro em que natureza e tecnologia coexistem em harmonia, com cidades sustentáveis e ecossistemas integrados à vida urbana. Este seria um conceito novo, ainda pouco explorado fora da literatura e de algumas narrativas visuais, mas profundamente ligado à estética do green futurism e à esperança ecológica.
Steampunk e o fascínio pelo retrofuturismo vitoriano
Embora discordemos da precisão disto, o steampunk pode ser apresentado como o oposto do cyberpunk: enquanto este projeta o futuro a partir da tecnologia digital, o steampunk imagina o futuro através das engrenagens do passado, sendo geralmente mais otimista que o cyberpunk também. Ambientado em uma realidade alternativa inspirada na Era Vitoriana, o gênero supõe que a tecnologia a vapor evoluiu a níveis impensáveis — resultando em próteses, máquinas voadoras e computadores movidos por vapor.
Esse subgênero é a expressão mais conhecida do retrofuturismo, visão do futuro construída a partir das expectativas de uma época antiga. Obras como Planeta do Tesouro, a franquia BioShock (essa é dieselpunk também) e o anime Fullmetal Alchemist são citados como exemplos de universos que incorporam essa estética de modo singular.
Dieselpunk, Atompunk e Decopunk: eras movidas a combustível e estilo
Derivado do steampunk, o dieselpunk transporta o retrofuturismo para as décadas de 1920 a 1940, substituindo o vapor pelo combustível fóssil como força motriz. O termo foi criado em 2001 por Lewis Pollak e Dan Ross, autores do RPG Children of the Sun, embora o estilo já estivesse presente em narrativas pulp das revistas dos anos 1930 e 1940.
O gênero absorve influências do cinema noir, da estética militar da Primeira e Segunda Guerras Mundiais e da arquitetura industrial. A franquia Fallout é uma das mais emblemáticas expressões visuais do dieselpunk.
Dele derivam dois ramos próximos: o atompunk, inspirado no imaginário dos anos 1950 e na cultura nuclear da Guerra Fria, e o decopunk, ligado à estética luxuosa e geométrica da Art Déco dos anos 1920 e 1930. Enquanto o atompunk ironiza a paranoia atômica com humor e cores vivas, o decopunk revisita metrópoles estilizadas, zepelins e designs exuberantes, como visto no clássico Metrópolis (1927), no filme Brasil (1985) e em O Grande Gatsby (2013), que retomou o esplendor art déco em chave contemporânea. O Grande Gatsby ainda não vimos, mas Metrópolis e Brasil são esquisitíssimos mesmo.
Teslapunk: eletricidade e imaginação científica
Mais raro, o teslapunk homenageia as invenções e ideias de Nikola Tesla, imaginando mundos alimentados por eletricidade e raios azulados. Próximo ao steampunk em estética, o subgênero substitui o vapor pela energia elétrica como força criadora e destrutiva.
As obras que exploram esse conceito são poucas, mas o vídeo cita o jogo Close to the Sun (2020) como exemplo moderno da ambientação teslapunk, com laboratórios retrofuturistas e a constante presença da eletricidade como símbolo de poder e perigo. Poderia ter citado também Command and Conquer: Red Alert também.
Cowpunk, Stonepunk e Sandalpunk: futuros em tempos antigos
Em seguida, o vídeo aborda subgêneros ainda mais excêntricos. O cowpunk mistura o faroeste com elementos mecânicos e robóticos — como em Cowboys & Aliens ou Jonah Hex. Alguns críticos o consideram apenas uma variação temática do steampunk, o que é perfeitamente compreensível, mas há casos em que o nível tecnológico vai além do vapor, justificando sua identidade própria.
O stonepunk, por sua vez, imagina um “futuro primitivo”: tecnologias da Idade da Pedra recriadas com materiais rudimentares. É o espírito de Os Flintstones levado ao extremo — ou reinterpretado em jogos como Horizon Zero Dawn, onde sociedades tribais convivem com máquinas avançadas.
O sandalpunk (ou sandal punk) transporta o mesmo conceito para o mundo greco-romano, visualizando um império clássico altamente tecnológico. Embora pouco explorado, o vídeo aponta que essa combinação de mitologia e ciência poderia render narrativas extraordinárias.
Bugpunk: o reino dos insetos e da biotecnologia
Entre os subgêneros mais recentes está o bugpunk, uma fusão entre o biopunk e o cyberpunk, centrada na relação entre tecnologia e insetos. Surgiu em 2011 com o romance The Bel Dame Apocrypha, da autora Cameron Hurley, e inclui histórias onde criaturas geneticamente modificadas desempenham papel central.
Exemplos cinematográficos e literários incluem A Mosca (1986) e o mangá Terra Formars, em que a biotecnologia e a mutação assumem formas monstruosas e simbólicas.
Tupinipunk e Sertãopunk: a ficção científica com sotaque brasileiro
O vídeo conclui com duas variações brasileiras. O tupinipunk (ou amazofuturismo) une ficção científica a lendas e elementos da cultura indígena, projetando futuros possíveis do Brasil. O nome vem de “tupiniquim” e, segundo o autor, suas raízes remontam aos anos 1930, com Jerônimo Monteiro, considerado o pai da ficção científica nacional, autor de O Colecionador de Mãos (1933).
Já o sertãopunk nasceu de uma antologia chamada Sertão Punk: Histórias de um Nordeste do Amanhã. Criado por autores nordestinos, o movimento propõe imaginar futuros distópicos ou utópicos no contexto do Nordeste brasileiro, longe dos estereótipos tradicionais.
Um desdobramento visual próximo é o cyberagreste, termo usado pelo artista Victor Hidrômio para descrever suas ilustrações que misturam cangaço e estética cyberpunk — provando que a ficção científica também fala português.
A força criativa dos subgêneros esquecidos
A ficção científica é um território de infinitas possibilidades, e seus subgêneros — do cyberpunk ao sertãopunk — revelam não apenas a evolução tecnológica imaginada, mas também os sonhos, medos e identidades de cada época e cultura.
Mesmo os mais obscuros têm algo em comum: a vontade de reinventar o mundo a partir de uma pergunta essencial — e se a história tivesse seguido outro rumo? O que você acha que teria acontecido? Deixe aí nos comentários e compartilha também com a galera pra ver o que sai.
VaLeW!
Mais informações e ficção científica
Visão geral
- Duração: 14:33
- Visualizações: 2
- Categoria(s): Vídeos
- Canal: Semydeus
- Marcador(es): Cultura pop, Curiosidades, Cyberpunk, Ficção Científica, Nostalgia, Steampunk
- Postado por: Valewson

