Análise do filme A Invocação do Mal 4: O Último Ritual

Tensão e boas cenas horripilantes unidos em uma narrativa infelizmente desconjuntada.

Adicionado a 13 de setembro de 2025, por Facínora. | Acesse à descrição completa

Temos aqui a minha análise sem spoilers de A Invocação do Mal 4: O Último Ritual (The Conjuring: Last Rites), o filme americano de terror sobrenatural lançado em 5 de setembro de 2025 baseado, embora com várias liberdades artísticas, nas investigações reais do caso do Poltergeist da Família Smurl e também a nona parte e o último capítulo da primeira fase do universo Invocação do Mal.

O filme foi dirigido por Michael Chaves e escrito por Ian Goldberg, Richard Naing e David Leslie Johnson-McGoldrick. Foi estrelado por Patrick Wilson e Vera Farmiga, que reprisam seus papéis como Ed e Lorraine Warren, juntamente com Mia Tomlinson, Ben Hardy e participações de atores de outros filmes da franquia. O longa recebeu críticas mistas, mas foi um sucesso de mercado, já arrecadando, até o momento, US$ 256,4 milhões em todo o mundo.

Resenha do filme

O Último Ritual acerta em cheio no terror: há tensão, clima soturno e misterioso, e a narrativa evita entregar o ouro logo de cara, preferindo explicar as coisas aos poucos e deixar o horror crescer de forma progressiva. Infelizmente, essa qualidade se perde em meio a um problema grave de ritmo. Contei no relógio cerca de 1h05m de enrolação, com muitas situações que pouco ou nada acrescentam.

Essa falta de foco é reforçada pela sensação de desconexão geral: muitas cenas parecem soltas, como se tivessem sido escritas por uma IA, mas sem nenhum roteirista humano tendo se dado o trabalho de revisar. Pode ser também que pulverizaram responsabilidades em várias mãos, sem ninguém encabeçando para orientar tudo de forma coerente na produção, o que resultou em partes muito boas que dividem espaço com outras sem sentido num filme que parece desconjuntado e irregular.

De fato, algo que decisivamente afunda o longa são violações do princípio conhecido como a arma de Tchékhov: “Se no primeiro ato você pendura uma arma na parede, no terceiro ato ela deve disparar”. Em outras palavras, se o filme mostra algo potencialmente importante, o público espera que aquilo seja usado mais tarde, mas, aqui, muitas coisas são apresentadas e simplesmente abandonadas, o que quebra a experiência e deixa o espectador frustrado.

Essas deficiências do filme parece que foram condensadas no desapontador clímax. Em vez de oferecer uma resolução emocionante e coesa, o que temos é uma colagem de tomadas horripilantes, jogadas uma atrás da outra sem se preocupar com coerência narrativa, apenas para tentar causar impacto visual. Teria sido muito mais interessante se tivessem seguido o caso real: em 1987, após anos de sofrimento, os Smurl conseguiram finalmente se livrar da presença demoníaca depois que o Cardeal Joseph Ratzinger — quem iria se tornar ninguém menos que o Papa Bento XVI — ter sido informado da situação, com o Vaticano então enviando um exorcista autorizado — algo que teria dado um peso dramático bem maior ao desfecho. Claro, entendo que isso ia minimizar a participação dos Warren num filme de uma franquia baseada neles, mas creio que, com boa vontade, dava pra chegar a um meio termo mais interessante.

Apesar de algumas referências às obras anteriores e participações pontuais de atores da franquia, o filme não apela cronicamente para o fan service — exceto pelas insistentes aparições de Annabelle, que não têm relação com o caso real. Tem uma tomada que até ficou legal, bem tensa, mas talvez seria melhor se parassem de tentar empurrar a Petra boneca goela abaixo, já que os filmes dela foram umas belas de umas porcarias.

Com alguns ajustes, o longa poderia ter sido bem melhor. Bastava cortar a enrolação inicial, cheia de bobagens que não contribuem para o enredo, e trabalhar melhor o desenvolvimento e consistência em geral. Aliás, pobre dos Smurl, as vítimas da infestação demoníaca, que aqui são retratados de maneira tão superficial que mal consegui me importar muito com eles.

As atuações, no entanto, continuam sólidas. Vera Farmiga e Patrick Wilson seguem impecáveis como Lorraine e Ed Warren, entregando performances que às vezes fazem esquecer que não estamos vendo os verdadeiros investigadores. Vale dizer, claro, que a Vera foi e continua muito mais bonita que a Lorraine original, e Wilson está em bem melhor forma e parece muito mais jovem do que Ed, pelo menos naquela época. Note também que não estou falando que os Warren foram dois leprechauns na vida real, e também temos que lembrar que a franquia Invocação do Mal começou numa época em que Hollywood ainda não tinha aderido à sua “genial” ideia de ficar empurrando gente feia nos filmes.

No fim das contas, A Invocação do Mal 4: O Último Ritual, apesar de ter deixado essa impressão de ter sido feito no piloto automático, é ainda assistível, especialmente pelas boas cenas horripilantes, verdadeira tensão e consistente desempenho do casal de protagonistas. Também, por não tentar copiar a estética, temática e ritmo de filmes como Hereditário, é melhor do que o fraquíssimo The Devil Made Me Do It, mas ainda longe da qualidade dos dois primeiros Invocação do Mal, que, ao meu ver, são os únicos verdadeiramente memoráveis desta franquia e marcos na cultura pop das últimas décadas. O triste é que O Último Ritual, com poucos ajustes, poderia ter sido muito melhor — e não apenas mais um reflexo de uma Hollywood acomodada com produções burras e preguiçosas.

Trailer

Sinopse

Ed e Lorraine Warren pensaram que seus dias de enfrentar o sobrenatural haviam terminado, mas quando um espelho antigo ressurge trazendo de volta horrores de um caso do passado, eles e sua filha Judy são forçados a encarar o mal de frente mais uma vez. Em meio a visões perturbadoras, ataques violentos e uma presença demoníaca que parece querer destruir sua família, os Warrens precisam descobrir a verdade antes que seja tarde demais.

Prepare-se para noites sem dormir — e para mais uma história baseada nos arquivos dos investigadores paranormais mais famosos do mundo.

Ficha técnica

  • Título original: The Conjuring: Last Rites
  • Título no Brasil: A Invocação do Mal 4: O Último Ritual
  • Ano de lançamento: 2025
  • Duração: 135 minutos
  • Gênero: terror sobrenatural
  • Dirigido por: Michael Chaves
  • Escrito por: Ian Goldberg, Richard Naing, David Leslie Johnson-McGoldrick
  • História por: David Leslie Johnson-McGoldrick, James Wan
  • Baseado em: personagens de Chad Hayes, Carey W. Hayes
  • Produzido por: James Wan, Peter Safran
  • Elenco principal: Vera Farmiga, Patrick Wilson, Mia Tomlinson, Ben Hardy
  • Direção de fotografia: Eli Born
  • Montagem: Gregory Plotkin, Elliot Greenberg
  • Música: Benjamin Wallfisch
  • País: Estados Unidos
  • Idioma: inglês
  • Companhias de produção: New Line Cinema, Atomic Monster, The Safran Company
  • Distribuição: Warner Bros. Pictures
  • Orçamento: US$ 55 milhões
  • Bilheteria: US$ 256,4 milhões

Então é isso aí.

A minha resenha de A Invocação do Mal 4: O Último Ritual está entregue, um filme que entrega tensão e boas cenas horripilantes, mas infelizmente unidos em uma narrativa desconjuntada.

Quero saber agora é a sua opinião sobre o filme, se concorda ou discorda da minha análise ou se ainda não assistiu a obra.

Abraços!

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