Análise do filme The Monkey (2025)
Um peculiar brinquedo antigo e aparentemente inofensivo retorna para assombrar gerações de uma mesma família.
Adicionado a 11 de junho de 2025, por Facínora. | Acesse à descrição completaEstou publicando aqui a minha análise sem spoilers do The Monkey (O Macaco), um filme de terror e comédia de humor negro americano de 2025 baseado livremente no conto de mesmo nome de Stephen King, originalmente publicado em 1980.
Escrito e dirigido por Osgood Perkins, The Monkey é estrelado por Tatiana Maslany, Christian Convery, Colin O’Brien, Rohan Campbell, Sarah Levy, Adam Scott, Elijah Wood e Theo James, este último em um papel duplo como irmãos gêmeos cujas vidas são viradas de cabeça para baixo por um macaco de brinquedo amaldiçoado que causa mortes horríveis aleatórias ao redor deles. Ao que parece, o filme foi um sucesso de crítica e mercado.
Apesar de ter uma premissa simples — um brinquedo amaldiçoado que provoca mortes brutais — The Monkey consegue ir além do clichê com uma condução segura, equilibrando tensão, violência gráfica e humor negro. O filme, ainda que não mergulhe tão fundo nos personagens como nos romances mais densos de Stephen King, oferece um desenvolvimento suficientemente decente para você se importar com o que acontece a eles, sem escorregar na superficialidade preguiçosa que virou norma hoje em dia.
Há um nível de imprevisibilidade que coloca tensão, pois o espectador sabe que a qualquer momento alguém na tela pode ser a próxima vítima do macaco, o que é bem-vindo. As mortes, inclusive, são bem criativas, por vezes remetendo a uma mistura de Mortal Kombat com The Incredible Machine, com cenas explícitas que surpreendem, muitas vezes envoltas num humor negro que permeia o filme contrabalanceando, mas sem quebrar sua atmosfera ameaçadora.
O brinquedo em si, um macaquinho de brinquedo com estilo aparentemente clássico que bate tambor, é uma presença inquietante do início ao fim. Sua natureza é misteriosa e jamais explicada de alguma forma objetiva, o que só contribui para a aura maligna que o cerca. Essa indefinição é um acerto: quando um mal é inexplicável, tende a ser mais assustador.
Há também ecos claros de outras obras de King, como o microcosmo infantil diante do bullying, da violência e da perda. Embora isso não seja um foco principal da narrativa, está lá — e reforça que, mesmo numa história curta, as marcas do autor continuam presentes. Aliás, o fato do conto original ser de 1980 talvez ajude a explicar por que o filme consegue transmitir a “boa forma” criativa de King, algo que se perdeu em muitas adaptações recentes (Salem’s Lot [2024], Pet Sematary [2019], por exemplo).
Mas isto é só especulação minha, pois como dito anteriormente, a adaptação tomou liberdades visíveis em relação ao material original. Seja qual for o caso, isto em si não chega a ser um problema — especialmente se considerarmos que o formato longa-metragem, embora limitado, é respeitado com um arco claro de começo, meio e fim. Vale lembrar que Stanley Kubrick espinafrou a história de O Iluminado na sua adaptação e, mesmo eu não gostando deste filme, não se pode negar seu sucesso e impacto. Talvez, na impossibilidade de dividir a história em duas partes como em It, seja melhor fazer estas gambiarras no enredo para evitar a sensação de vazio que outras adaptações excessivamente condensadas deixam, como é o caso do próprio Salem’s Lot de 2024. Ainda assim, há um salto brusco na narrativa do meio para o final, o que ficou meio estranho ao meu ver, mas não chegou a comprometer o resultado geral.
Curiosamente, o filme também remete a duas histórias clássicas dos Treehouse of Horror dos Simpsons: o episódio do boneco do Krusty, que vira de mau pra bom com a simples troca de uma chave, e o da Garra do Macaco, em que desejos vêm acompanhados de consequências catastróficas. Aliás, The Monkey me lembrou o conto original de W. W. Jacobs (1863–1943) que inspirou este quadro por trazer um objeto amaldiçoado que atrai interesses egoístas e, ao ser usado, só causa desgraça. As referências são mais temáticas do que diretas, claro, mas é interessante como The Monkey dialoga com esse imaginário.
Penso que esta adaptação ficaria bacana no formato de minissérie, dando mais espaço para aprofundar mais nos temas e personagens. Também, vale lembrar que o material original é um conto, não um dos romances de 500~6oo páginas de Stephen King, daí não sei se iriam encher linguiça pra dar minutagem. Mas isto foge aqui do nosso escopo. Por fim, The Monkey cumpre seu papel dentro do que se propõe. É conciso, consistente e, acima de tudo, divertido dentro do seu gênero.
Trailer
Sinopse
Após um episódio traumático envolvendo seu pai, os irmãos gêmeos Hal e Bill crescem sob a sombra de um macaco de brinquedo que, a cada batida de seus pratos, parece atrair mortes violentas e inexplicáveis. Anos depois, já adultos e distantes um do outro, se veem forçados a confrontar o passado quando a estranha sequência de fatalidades volta a rondar suas vidas — colocando em risco todos ao seu redor. Com uma narrativa que mistura tensão crescente, humor negro e uma aura constante de tensão e mistério, o filme explora a culpa, o trauma e os laços familiares diante de um mal que não se submete aos desejos humanos.
Ficha técnica
- Título original: The Monkey
- Título no Brasil: O Macaco
- Ano de lançamento: 2025
- Duração: 98 minutos
- Gênero: terror e comédia de humor negro
- Dirigido por: Osgood Perkins
- Escrito por: Osgood Perkins (baseado no conto The Monkey, de Stephen King)
- Produzido por: James Wan, Dave Caplan, Brian Kavanaugh-Jones, Chris Ferguson
- Elenco principal: Theo James, Tatiana Maslany, Christian Convery, Colin O’Brien, Rohan Campbell, Sarah Levy, Adam Scott, Elijah Wood
- Direção de fotografia: Nico Aguilar
- Montagem: Greg Ng, Graham Fortin
- Trilha sonora: Edo Van Breemen
- País: Estados Unidos
- Idioma: inglês
- Produtoras: C2, Atomic Monster, The Safran Company, Oddfellows, Range, Stars Collective
- Distribuição: Neon
As verdadeiras origens do Macaco
No vídeo em inglês a seguir, o canal Marvelous Videos promete contar as verdadeiras origens deste artefato amaldiçoado. Às vezes, eles dão umas barrigadas, mas mesmo assim é geralmente entretenimento:
Pronto.
Tá entregue a minha análise do filme The Monkey. Tá do jeito que gosto mesmo, sem spoilers nem fugindo muito do assunto, só deixando minhas impressões pra ver se te dá uma ideia do que esperar caso você esteja pensando em assistir esta película também.
Se fosse eu, assistiria. Não ia querer ver de novo, mas uma vez vale a pena. Mas quero saber o que você achou do filme aí nos comentários também.
Abraços!
Mais informações e análises
Visão geral
- Visualizações: 8
- Categoria(s): Análises
- Autor, desenvolvedor e/ou publisher: Bolonha Club
- Marcador(es): Filme de terror, Filmes, Jogos de Zumbi, Stephen King, Terror
- Postado por: Facínora